“Se afastou por motivos de saúde, deixou 400 pessoas sem cesta básica e foi nomeada no Estado com salário dobrado”, criticou vereador
Na 34ª sessão legislativa, realizada na última terça-feira, 7, houve um momento de tensão entre alguns vereadores, após um deles elogiar a gestão da ex-secretária Simone de Almeida e, logo em seguida, outro parlamentar questionar e expor possíveis falhas que considerou gravíssimas no pouco tempo em que a ex-secretária esteve a frente da pasta.
O vereador Marcinho Alves, que esteve à frente da Secretaria de Assistência Social entre julho de 2021 e fevereiro de 2022 e foi sucedido por Simone de Almeida, em seu momento de fala, trouxe à tona o que teria sido uma falha na distribuição de cestas básicas. Segundo o parlamentar, após visitar os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), teria constatado que centenas de famílias não receberam o benefício eventual nos últimos três meses, período em que Simone de Almeida esteve à frente da gestão.
“Alertei durante o processo de transição da secretaria de Assistência Social que os processos precisam caminhar debaixo do braço. Eu tenho aqui o processo 27066, referente a compra de cestas básicas. Quando saí da secretaria, deixei tramitando um processo de compra de 7 mil cestas. No ano passado, adquiri 5 mil e deixei na secretaria 700 unidades. O que aconteceu? Esse processo ficou três meses parado e, infelizmente, 450 famílias que precisam desse benefício não pegaram as cestas”, denunciou.
Ainda de acordo com o vereador, Marcinho tentou marcar uma reunião com Simone de Almeida para alertar sobre o problema, mas a ex-gestora não teria recebido o parlamentar. “Já passei essa informação para o novo secretário, Yuri Guimarães. Lamento essa situação e alerto que isso foi causado pela gestão que não está mais à frente da pasta e que deixou recentemente a secretaria. Até o meio deste mês acreditamos que essas cestas estejam normalizadas”, completou Marcinho.
Elogios à gestão de Simone acirraram os ânimos
Poucos minutos depois, o vereador Professor André, em seu momento de fala, destacou as visitas que foram realizadas a alguns equipamentos da Secretaria de Assistência Social. A fala do vereador foi de encontro ao relatado anteriormente por Marcinho e chamou atenção do parlamentar.
“Realizei visitas ao CRAS de Conselheiro e Olaria e fiquei muito feliz com o que vi lá. Por coincidência nos momentos que apareci, principalmente em Conselheiro, tinham muitos usuários presentes e vi o quanto o serviço estava sendo executado. Nossos projetos sociais a cada dia que passa estão aumentando, em parceria com a Prefeitura, Assistência Social, Secretaria de Esporte e Educação. Caminhando juntos a gente alcança o objetivo”, comemorou André.
Logo em seguida, o parlamentar fez questão de elogiar a gestão de Simone de Almeida e lamentou que a ex-secretária tenha saído por motivos de saúde. “Quero mandar um grande abraço para a ex-secretária Simone de Almeida que fez um excelente trabalho à frente da Assistência Social. Não é qualquer pessoa que traz R$ 4 milhões para o município. Infelizmente, por motivos de saúde ela teve que se ausentar. O trabalho dela fez diferença e se não fez mais é porque não teve condição. Tiveram empecilhos que atrapalharam o trabalho dela. Estendo aqui o meu abraço à ex-secretária”.
“Destruiu tudo que fizemos em sete meses”, disse Marcinho
Após a fala do Professor André, Marcinho Alves se mostrou perplexo. Conforme divulgado em primeira mão pelo EcoSerrano, Marcinho questionou que Simone de Almeida, Diogo Bastos (ex-subsecretário) e Letícia Guimarães (ex-assessora da secretaria), tivessem sido nomeados no Estado e ressaltou ainda a data das nomeações, dando a entender que os citados estiveram, por alguns dias, nomeados em dois órgãos públicos.
“A cobrança que eu faço junto ao prefeito Johnny Maycon e seu secretariado é dura, é forte. Trago aqui algo que vai lhes deixar pasmo. Pode uma Secretária de Assistência Social, um subsecretário e uma ex-assessora serem exonerados aqui (Friburgo) dia 1º de junho e serem nomeados em 25 de maio no Estado? Está aqui no Diário Oficial do Estado. E ela se licenciou por saúde, não foi? E deixou aqui cerca de 400 pessoas sem cestas básicas. Essas são as pessoas técnicas e que estão nomeadas no Estado”, questionou Marcinho.
Marcinho ainda ressaltou que a gestão que o sucedeu “destruiu o trabalho feito em sete meses”. “O que me deixa triste é um processo licitatório com 400 famílias aguardando uma cesta básica e não ter por conta desses aventureiros que vem para nossa cidade, deixam uma desgraça e vai pro Estado com salário dobrado. Destruiu tudo que fizemos em sete meses. Agora que é hora boa de fazer um Requerimento de Informação, para saber se teve família que recebeu cesta básica. Vai ter que devolver esse dinheiro”, finalizou Marcinho, em referência ao fato dos envolvidos, possivelmente, estarem nomeados em dois órgãos públicos por um mesmo período, o que seria contra a lei.
O EcoSerrano procurou a Secretaria de Assistência Social e pediu um posicionamento a respeito da entrega das cestas básicas. Até o fechamento desta reportagem o portal não recebeu a resposta. A matéria será atualizada assim que a Prefeitura enviar uma nota.