Em Nova Friburgo, 450 famílias não teriam conseguido retirar cestas básicas e vereador responsabiliza ex-secretária de Assistência Social
O Brasil voltou a figurar no mapa da fome, com mais de 33 milhões de pessoas famintas. Nesta triste estatística, o Estado do Rio de Janeiro possui quase 10% das pessoas com fome no país. Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado na última quinta-feira, 27, são 2,7 milhões de famintos no Estado. Mais de 57% da população do estado passa por algum nível de insegurança alimentar.
O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil mostra que só 4 entre 10 famílias conseguem acesso pleno à alimentação.
As mulheres são as que mais sofrem com a fome no estado, principalmente as chefes de família: 38,6% destas estão com insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto apenas 36,33% não possuem problemas com alimentação (segurança alimentar).
Em relação aos chefes de família homens, 50,43% estão em segurança alimentar, enquanto 28,2% destes apresentam insegurança alimentar moderada ou grave.
Além disso, segundo os dados, às pessoas pretas e pardas também são as que mais sofrem com a falta de comida na mesa. Os números mostram que 37,6% desta população vive com restrições ou passa fome, enquanto 37% estão com a situação alimentar segura. Entre os brancos, 55,63% estão em segurança alimentar e 25,83% apresentam insegurança alimentar moderada ou grave.
Processo para compra de Cestas Básicas ficou parado três meses
Em Nova Friburgo, além das inúmeras entidades que arrecadam alimentos e distribuem sopão para doar à população com fome, a Secretaria de Assistência Social possui um programa para a entrega eventual de cestas básicas.
O usuário precisa estar em dia com seu Cadastro Único (através dos CRAS de Olaria, Centro, Conselheiro Paulino e Campo de Coelho), e após uma avaliação da equipe será considerado apto ou não a receber o benefício.
No entanto, ao que tudo indica, entre fevereiro e meados de junho deste ano, mais de 400 pessoas tiveram dificuldade ou não conseguiram retirar seu benefício. A denúncia foi feita pelo vereador Marcinho Alves, ex-secretário da pasta, sucedido por Simone de Almeida, em 7 de junho, durante a 34ª sessão legislativa.
“Eu tinha alertado durante a transição da secretaria que os processos administrativos têm que caminhar debaixo do braço. O processo 27066, trata da compra de cestas básicas e foi aberto por mim. O processo é para comprar cerca de 7 mil cestas básicas. Quando me afastei em 14 de fevereiro, deixei cerca de 700 cestas básicas no almoxarifado para serem entregues e o que aconteceu? O processo ficou três meses parado e 450 famílias não pegaram o benefício. Marquei uma reunião com a secretária Simone para alertar o problema, mas ela não me recebeu”, lamentou Marcinho.
Assim que aconteceu a última troca de gestores na Secretaria de Assistência Social, o parlamentar afirmou que conversou com o novo titular, Yuri Guimarães, e informou que o novo secretário já iniciou os trâmites para regularizar o processo de entrega do benefício eventual.
O EcoSerrano entrou em contato com a Prefeitura na última sexta-feira, 24, e pediu um posicionamento da Secretaria de Assistência Social sobre a situação, mas não obteve retorno.