Fato aconteceu em um ônibus que fazia o trajeto Rio x Friburgo. Estudantes da Uerj afirmam que também já sofreram assédio e perseguição em festas e dentro da universidade pela mesma pessoa. Coragem da vítima foi destacada pelas testemunhas ouvidas com exclusividade pelo EcoSerrano
No fim da manhã da última segunda-feira, 30, mais um episódio triste no combate a violência contra a mulher: um estudante do Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPPRJ) – Uerj-NF – foi preso após assediar sexualmente uma mulher dentro de um ônibus da Autoviação 1001, que fazia o percurso Rio de Janeiro x Nova Friburgo – via Niterói – Manilha – (veja o vídeo no final da matéria).
De acordo com uma testemunha ouvida com exclusividade pelo EcoSerrano, a vítima que estava sentada em uma poltrona na parte de trás, na janela, ao perceber o ato, inicialmente, tentou trocar de poltrona e durante a troca teve sua passagem dificultada pelo agressor. Ao conseguir se desvencilhar dele e sentar em outro lugar na parte da frente do ônibus, o acusado teria seguido ela e mudou de poltrona, sentando-se perto da vítima.
A mulher então levantou e, de forma discreta, comunicou o ocorrido ao motorista que avisou a central da empresa. Ele foi orientado a parar próximo a patrulha da PM da RJ 116, na entrada da cidade. Ao chegar ao local, outros dois funcionários da empresa e alguns policiais cientes da situação já estariam de prontidão.
“Quando o rapaz foi abordado, os policiais fizeram uma revista, perguntaram um monte de coisas e achamos que poderia ser um caso de droga ou de roubo. A PM pediu o recibo da passagem, mas ele não apresentou. Depois disso, ele foi levado para fora do ônibus. Uma outra pessoa que estranhou a mudança de lugares dos dois já havia percebido que se tratava de um caso de assédio”, relatou um dos passageiros.
Na patrulha, o acusado confessou o crime recebeu voz de prisão e foi encaminhado para a sede policial onde permanece preso. O agressor teria confirmado ainda que já assediou outras mulheres da mesma forma em outras ocasiões.
Antecedentes
Quando o caso foi divulgado, diversas manifestações de repúdio foram publicadas e, junto com as declarações, uma série de estudantes mulheres da Uerj reconheceram o assediador e relataram que o acusado tinha comportamentos e atitudes suspeitas em relação às mulheres do campus.
“Sempre foi perceptível em festas e em ambientes comuns uma certa “perseguição” com mulheres. Ele ficava muito em cima e insistindo em conversar tanto pessoalmente quanto por Whatsapp”, contou um discente da universidade.
Outras estudantes relataram assédio por parte do acusado em outras ocasiões. Apesar da informação não estar confirmada, um grupo de mulheres que teriam sido vítimas do agressor, além de outras se solidarizaram com a agressão, estariam planejando realizar um ato ou mesmo uma denúncia em desfavor do acusado.
Os estudantes também cobraram uma postura mais firme da universidade que, ao que parece, ainda não se pronunciou sobre o caso. A direção ainda estuda as medidas que irá tomar contra o acusado, uma delas seria a expulsão da Uerj.
Coragem para denunciar
Segundo os passageiros do ônibus, a vítima teve muita coragem e sabedoria ao conduzir a situação. Neste momento, ainda em choque pelo ocorrido, a mulher recebe o apoio de amigos, familiares e das redes de proteção à mulher na cidade, como o Tecle Mulher.
Formas de denunciar
Telefone
- Quando há risco imediato, mesmo que a vítima silencie ou se oponha à denúncia, a polícia deve ser acionada e o socorro é obrigatório. A ligação deve ser feita pelo 190 por qualquer pessoa que presencie a agressão.
- Para os casos não emergenciais, ou seja, não está havendo uma briga no momento, mas você sabe de uma situação violenta ou vive um relacionamento abusivo, pode ligar para o 180, e registrar uma denúncia (que pode ser anônima), ou para o Disque 100.
Presencialmente
Deam-NF: Av. Pres. Costa e Silva, 1051 – Centro (Anexo a 151ª DP)
Telefone: (22) 2533-1967
Internet
- O aplicativo Maria da Penha: baixe o app no seu celular. O app permite a vítima ou a testemunha fazer a denúncia.
Ouvidoria da Mulher
Ligue 127 Ramal 2: Ligação gratuita dentro do Estado do Rio de Janeiro) ou 21- 3883-4600, de todas as localidades, atendimento de segunda à sexta-feira, em dias úteis, das 8 às 20h.
Formulário eletrônico em http://www.mprj.mp.br/comunicacao/ouvidoria/formulario, todos os dias, 24h.
WhatsApp: somente mensagens de texto através do 21- 99366-3100, atendimento em dias úteis, de segunda à sexta-feira das 10 às 18h.
Presencial: Atendimento pessoal prioritário de segunda à sexta-feira, em dias úteis, de 9 às 17h na sala da Ouvidoria da Mulher, anexo à Ouvidoria Geral, na sede do MPRJ, localizada na Avenida Marechal Câmara, nº 370, subsolo, centro, Rio de Janeiro-RJ.