Fórum Internacional de Tecnologia e Inovação Social debate ações para Saúde

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Evento foi organizado pela Fiocruz e contou com participação da ONU, Portugal e União Europeia

Na última semana, aconteceu de forma híbrida, o I Fórum Internacional de Tecnologia e Inovação Social para as Pessoas e o Planeta. O evento reuniu representantes da Fiocruz, de movimentos da sociedade civil e instituições, como as Nações Unidas (ONU), o governo de Portugal e a União Europeia para uma discussão em torno de iniciativas inovadoras e de conceitos e práticas de tecnologia e inovação social no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A organização do fórum foi da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), do Atlantic International Research Centre (Air Centre) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura no Brasil (FAO Brasil), com patrocínio da Fundação de Apoio à Fiocruz (Fiotec).

A presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, e o coordenador do fórum e da EFA 2030, Paulo Gadelha, representaram a Fundação. “O enfrentamento de uma crise planetária, um modelo de desenvolvimento iníquo, que se agravou com a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, são alguns dos desafios que nos colocam em uma encruzilhada”, disse Gadelha.

Gadelha diz ser preciso dar um salto para aquilo que se coloca como necessidade: construir ecologia de saberes, processos compartilhados de desenho e implementação de ações, e inovar de forma radical a maneira como se estabelece a relação entre governos e movimentos sociais, em um nível nacional e global. “Esperamos que no evento se possa formar uma rede permanente para que o tema da tecnologia social ganhe o protagonismo necessário para a Agenda 2030”.

É possível falar em revolução democrática?

No mesmo dia, a presidente Nísia foi a palestrante da seção Estado da arte e tecnologias sociais para a saúde, mediada pela diretora do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves.

Em sua apresentação, cujo título era Tecnologia social, saúde e inovação: é possível falar em revolução democrática?, Nísia disse observar em muitas iniciativas uma agenda de alargamento de direitos, inclusive novos direitos, como os coletivos, de acesso à ciência e ao meio-ambiente.

“Como transformar isso em potência democrática? As várias experiências reveladas trazem a questão de escala, como sair de um território específico, como transformar muitas ações em políticas públicas?”, questionou. Um dos exemplos apresentados por Nísia foi o projeto Vacina Maré, desenvolvido junto à população do complexo de favelas para a imunização contra o Covid-19. “Um produto de alta tecnologia, como vacina, é apropriado em uma relação de pesquisa e participação comunitária de forma extremamente rica”.

Por fim, a presidente apontou para a existência de uma grande potência, nos meios urbano e rural. “Mudança não vem da noite para o dia, existe tradição, mas existe também recriação que nos faz pensar diferente alguns problemas, na relação da academia e das políticas públicas com movimentos sociais e lideranças indígenas. Não sei se há revolução, mas há potência democrática em curso. A trajetória, mais que ascendente, precisa ser constante para que a potência possa, de fato, significar uma revolução democrática”.

O tema “Exemplos de tecnologia e inovações sociais para a Saúde”, foi debatido como instituições acadêmicas e da sociedade civil podem atuar para desenvolver ferramentas, ações e estudos em prol da saúde pública.

Entre os participantes estavam o presidente da Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, Raimundo Nonato da Silva; a diretora fundadora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva; o coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Mauricio Barreto; e o administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, de Portugal, Rui Oliveira. A coordenação foi do chefe de Gabinete da Presidência da Fiocruz, Valcler Fernandes.

“São abordagens complementares”, afirmou Barreto, referindo-se ao que foi apresentado na mesa. Ele apontou como “usar bem os dados que a sociedade produz” pode gerar conhecimento científico inovador, como ocorreu com o projeto Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, no qual a análise de dados utilizados pela administração pública, como as informações do Cadastro Único e o Sistema de Mortalidade, identificou, por exemplo, que a mortalidade em crianças menores de 5 anos nascidas de mãe indígena é três vezes maior do que os de uma mãe branca. O primeiro dia do fórum contou ainda com palestras, apresentação de conceitos sobre tecnologia social e, ao fim do dia, um momento para discussões finais.  

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