Autor do livro “Todo mundo mente” diz que as pesquisas na internet revelam o que de fato as pessoas pensam. Empresas se aproveitam dos dados “honestos” para traçar perfil do usuário
“As pessoas tendem a mentir em pesquisas convencionais quando estão interagindo com desconhecidos, mas quando estão sozinhas na internet, em geral elas são honestas”, disse o economista e ex-cientista de dados do Google, Seth Stephens-Davidowitz, em entrevista para a Exame. O economista é autor do livro“Todo mundo mente” e diz que as pesquisas na internet revelam o que de fato as pessoas pensam, expressam desejos e curiosidades que não expressariam em outras situações em campo aberto.
O livro de Stephens-Davidowitz atesta que as pessoas mentem sobre tudo, principalmente nas redes sociais, onde há um grande incentivo para transmitir uma boa imagem. No entanto, ao usarem o Google e serem mais “honestas”, as pessoas acabam deixando não só seus dados, mas também seus gostos, preferências e de certa forma, pensamentos. Muitas empresas investiram pesado em tecnologia para se aproveitar desses dados.
Você por um acaso nunca estranhou o fato de, em após uma conversa sobre viagens, começar a ver anúncios em seu celular sobre turismo, praias, vôos, e coisas relacionadas? Após pesquisar um item que gostaria de comprar, você já percebeu que nas laterais dos sites que visita começam a exibir propagandas justamente do item que você pesquisou ou de itens correlacionados?
Não é apenas o Google e as redes sociais que empacotam o conhecimento sobre nós para vender a anunciantes. Segundo uma reportagem do site Invest News, “a empresa de aplicativo de caronas Uber desenvolve métodos para cobrar valores diferentes para uma corrida, de acordo com a sua urgência ou o seu perfil; bancos começam a usar a coleta de dados para decidir o quão arriscado é emprestar dinheiro para você; já há consultorias vendendo métodos para prever o quanto um consumidor está disposto a pagar por um produto ou serviço (para extrair o máximo de valor para a empresa)”.
Netflix
A reportagem também traz o exemplo da Netflix que, antes, permitia aos usuários criar uma lista de filmes para assistir no futuro. O canal de streaming percebeu que as listas estavam sempre cheias de opções, mas eles não eram assistidos, mesmo quando eram notificados. “As pessoas mentiam para si mesmas reiteradamente.” Diante dessa constatação, o serviço de streaming criou um modelo baseado em milhões de cliques e visualizações de clientes semelhantes. “Ou seja, a caixinha mágica do Google voltou!”, disse a reportagem.
A empresa começou a oferecer aos usuários listas de filmes sugeridos com base não no que alegavam gostar, mas no que os dados disseram que gostariam de assistir. O que fazia. De acordo com a reportagem do InvestNews, o resultado foi imediato: os clientes visitaram o site da Netflix com mais frequência e assistiram a mais filmes.
Medicina pode se beneficiar da honestidade
De acordo com Seth Stephens-Davidowitz, a medicina é a área com maior potencial para se beneficiar da honestidade das pessoas online. “Durante minha pesquisa, encontrei um estudo realizado em parceria entre a Universidade Colúmbia e a Microsoft que identificou diferentes combinações de sintomas que podem se manifestar na fase inicial do câncer de pâncreas, um dos tipos mais agressivos da doença”.
O economista diz que foram analisadas centenas de milhares de buscas no site Bing, da Microsoft, realizadas meses antes por usuários que, em um dado momento, digitaram perguntas como “recém-diagnosticado com câncer de pâncreas, o que esperar?”, que permitiam identificá-los como prováveis vítimas da doença. “O resultado foi ampliar o conhecimento de médicos sobre possíveis sintomas iniciais, aumentando a chance de diagnóstico precoce da doença. Esse tipo de experimento deve se tornar cada vez mais fácil no futuro”.
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