Prefeitura foi avisada em 2021 sobre risco de queda de barreiras em Mury

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Projeto pioneiro de friburguense que utiliza inteligência artificial para monitorar encostas, pode prever desastres e beneficiar ao menos oito secretarias. Em 2021, o projeto  foi ignorado por Johnny Maycon. Os recentes eventos mostram que atitude pode ter custado milhões aos cofres públicos e colocado em risco milhares de vidas

O físico, Pedro Cordoeira

As recentes ocorrências de alagamentos e quedas de barreiras em Nova Friburgo reacenderam a discussão sobre que investimentos estão sendo feitos na cidade para minimizar os riscos e não repetir a Tragédia de 2011. A Defesa Civil, com apoio do Estado, utiliza diversas ferramentas com base na coleta de dados que monitoram as encostas do município, além de ter à sua disposição recursos que permitem saber uma previsão do clima na cidade e emitir alertas quando necessários. Mas será que é o suficiente?

Desde o fatídico episódio de 2011, o município se viu instável para suportar pancadas de chuva, principalmente no verão, quando a frequência é praticamente diária. No entanto, há 12 anos, apesar dos alagamentos, desalojados, quedas de barreiras, deslocamentos de pedras, deslizamentos, a cidade, ao que parece, não registrou óbito decorrentes de ações climáticas. Ainda assim, estas intercorrências poderiam ser prevenidas se o município tivesse adotado o moderno sistema de monitoramento do físico friburguense Pedro Cordoeira, que também é doutorando e professor. O EcoSerrano já contou esta história e o leitor pode acessar CLICANDO AQUI.

O projeto

Pedro Cordoeira montou um drone capaz de fotografar imagens em altíssima definição, coletar dados de inclinação de cadeias montanhosas, nível de água dentro do solo, probabilidade de deslizamentos, entre outros. Este equipamento de última geração pode sobrevoar toda a cidade e, através da coleta de dados, fornecer informações precisas nos setores de Defesa Civil, Segurança, Saúde, Meio Ambiente, Agricultura, Ciência e Tecnologia, Mobilidade Urbana, Infraestrutura e Logística, etc.

Em novembro do ano passado o físico apresentou o projeto a convite de um assessor da Secretaria Geral de Governo da Prefeitura de Nova Friburgo, sob a gestão do então secretário – agora vereador – Marcinho Alves.

Ao todo, foram três reuniões realizadas com corpo técnico de algumas secretarias, com a presença de alguns que puderam conhecer como é possível, através do projeto apresentado, fazer um grande monitoramento na cidade para prevenção de desastres, organização do trânsito, fomento à produção agrícola, controle de doenças, trânsito, fiscalização ao meio ambiente e a informatização do sistema municipal. Os servidores de cada secretaria emitiram, cada um, um parecer sobre o que viram.

De uma forma geral, na opinião dos servidores, o projeto foi visto de forma positiva e com grande potência para trazer benefícios à população com as ressalvas de que seria necessário ainda elaborar testes mais detalhados para obter dados mais precisos.

Investimento pequeno para resultados grandiosos

Se fosse levado adiante, a Prefeitura poderia adotar o modelo do professor sob a contratação de dispensa de licitação:

  • Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 da Lei de licitações, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação
  • Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

 De acordo com o professor, à época, o investimento para a implementação do projeto seria de R$ 410 mil ao ano, ou seja, cerca de R$ 34 mil por mês.

Rejeição do Prefeito pode ter custado muito aos cofres públicos

Caso fosse implementado desde o início do no ano passado, Pedro Cordeira afirma que com quase 12 meses o sistema de monitoramento já teria dados suficientes para prever uma série de eventos que causaram transtornos em Nova Friburgo e evitado que milhares de famílias corresem riscos, além de evitar a utilização de dinheiro público para reparar os danos causados pelas chuvas.

À exemplo, as chuvas de 11 de dezembro que atingiram diversas residências no distrito de Conselheiro Paulino – em especial São Jorge e Alto do Floresta – além de muitas famílias da zona rural, em Pilões, que tiveram prejuízos de cerca de R$ 2 milhões. Após estes eventos, o Prefeito Johnny Maycon anunciou que iria junto ao governo do Estado buscar recursos para ajudar as famílias.

“O projeto em si visava criar um banco de dados que, com uso de estatística, calculasse a probabilidade de um deslizamento. Isso iria além dos usos nas encostas. Estaria integrado nas secretarias do município para controle de doenças, agilidade dos atendimentos de saúde, levantamento da qualidade de vida dos friburguenses, avanço de ocupações em lugares de risco e planejamento agrícola. Só que, para um bom treinamento da Inteligência Artificial, deveria ter no mínimo um ano de implementação pesada e contínua para que os resultados pudessem ser sentidos”, explicou Pedro.

O projeto, além de monitoramento, poderia ser usado para estratégias em períodos de crise. “Sem estatística, todo planejamento é uma aposta”.

Em 10 de janeiro de 2022, o professor avisou e alertou a Prefeitura sobre as barreiras localizadas em Mury. “As barreiras já haviam sido analisadas em 2020 e 2021 durante os testes para a reunião (com a Prefeitura). Em um grupo de Whatsapp eu mandei um print alertando a Defesa Civil sobre uma barreira nas proximidades do casarão. Tanto que pouco tempo depois algumas pedras rolaram para a pista. Nas chuvas recentes, duas barreiras caíram na região de Mury. Eram caso de análise, mas sem verba não prossegui”, lamentou.

O EcoSerrano entrou em contato com a Prefeitura, através da Subsecretaria de Comunicação, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno ou um esclarecimento sobre os pontos levantados.

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