Ritmo tem sido alvo de polêmicas e Prefeitura foi oficiado pelo legislativo estadual para dar suporte aos ensaios do grupos no 5º e 7º distrito
Desde dezembro de 2021 o músico, artista e professor de Maracatu, Emerson Santana se apresenta e dá aulas em Lumiar. O ritmo cativou muitos entusiastas do distrito que formaram um grupo para aprender mais sobre o Maracatu.
Emerson Santana é músico e artesão de instrumentos percussivos, neto de Policarpo Ferreira, antigo cantador de Coco, com quem aprendeu o Samba de Coco de Roda. Cresceu na vivência e na prática da cultura tradicional pernambucana e hoje dedica-se a difundir, defender e perpetuar seus saberes.
O músico já tocou com grandes mestres e artistas da cultura popular brasileira, como Mestre Ferrugem, Mestre Galo Preto, Selma do Coco, Lia de Itamaracá, Dona Cila, entre outros, tendo participado de trabalhos musicais de diversos artistas de Pernambuco.
Atualmente reside no Sana/RJ e continuou a desenvolver seu trabalho musical ministrando oficinas e realizando shows e vivências, sempre com foco na cultura popular. Hoje, é mestre do grupo percussivo de maracatu e coco de roda nos distritos do Sana e Lumiar (RJ), o Baque Rebate das Montanhas, criado pelo artista junto à comunidade local. Através deste grupo, tem realizado um intenso trabalho de mobilização cultural na serra fluminense, produzindo oficinas, eventos e trocas com importantes mestres, guardiões da tradição cultural de suas raízes.
Apesar da história de peso, o ritmo enfrenta problemas no distrito. Tudo começou quando alguns moradores reclamaram do som, chamando de “barulho” um dos ritmos mais antigos e considerado patrimônio histórico do Brasil e dizendo que “aquilo não era a cultura do local”.
No início deste ano teria acontecido na sede da Euterpe Lumiarense a interrupção de um ensaio que envolveu, inclusive a polícia militar. Uma moradora teria entrado no local de ensaio, pedido para que o artista parasse de tocar e ameaçou chamar a polícia. Pouco tempo depois, a moradora teria retornado ao local com uma viatura e os policiais pediram para que o responsável se dirigisse para a sede policial.
Ao EcoSerrano, em fevereiro deste ano, Emerson disse que se recusou a ir com os policiais. O artista explicou-se dizendo que apesar dele ser o professor, todos ali eram responsáveis pelo encontro. Nas reclamações da moradora, novamente o Maracatu foi chamado de “baralho”, no entanto, a moradora resolveu retirar a queixa.
Em um terceiro momento, desta vez em uma residência de um dos alunos, a proprietária do imóvel entrou no local durante o ensaio, reclamou do ritmo, disse que o professor sairia do distrito “fugido” e que ele estava arrumando um problema com toda a comunidade, por conta do Maracatu. O fato também teria sido discutido e explanado durante uma reunião da AMA Lumiar, por uma das alunas, que é membro da associação.
Ao que parece, o grupo está sem local para ensaiar. Na última quinta-feira, 22, o deputado estadual Carlos Minc – Presidente da Comissão de Representação para Acompanhar o Cumprimento das Leis da ALERJ – enviou um ofício ao Prefeito Johnny Maycon para que possa analisar a possibilidade de disponibilizar as quadras de Lumiar e a de São Pedro da Serra para que o grupo possa fazer ensaios quinzenais, minimizando os conflitos com moradores contrários ao grupo e “reafirmando o valor e respeito a esse movimento de resistência histórica e de tradição afro-brasileira”.
Em nota, a Secretaria de Cultura tomou ciência do abaixo-assinado para a paralização do Maracatu em Lumiar e defendeu o reconhecimento do ritmo como expressão cultural legítima.
“Entendemos a importância dessa manifestação artística e estamos comprometidos em encontrar uma solução que concilie os interesses da comunidade e dos praticantes do Maracatu. Em breve, iremos realizar uma reunião com a comunidade e os envolvidos no Maracatu, a fim de buscar um entendimento mútuo. Nosso objetivo é estabelecer um espaço para ensaios com horários pré-definidos, respeitando as normas legais de som e horário, garantindo assim a preservação da tradição cultural e o bem-estar da comunidade.
Reafirmamos nosso compromisso em valorizar e preservar as diversas expressões culturais presentes em nossa região, reconhecendo a importância do Maracatu como linguagem artística e patrimônio cultural. Estamos empenhados em promover o diálogo construtivo e encontrar soluções que respeitem os direitos de todos os envolvidos”, finalizou a nota enviada pelo Secretário Daniel Figueira.
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11 comentários
Acho que a melhor saída seria o deputado Carlos Minc entrar com o projeto na câmara dos deputados na capital para levantar recursos para construção de uma quadra especial com tratamento acústico . Isso sim seria uma solução definitiva . Pois as reclamações que não são apenas de um ou outro morador mais na verdade de muitos e com relação ao alto volume de decibéis e não da cultura .
Esta atitude é conhecidamente como normal em uma cidade que se diz Suiça Alemã, pirem com uma populaçao CONSTATADA DE 55% de. Descedentes de uma Dinastia Escravizada neste País. Incrível como é difícil reconhecer o Povo Preto e sua Cultura.
Infelizmente membros da comunidade está reprimindo a vida cultural da região… mesma movimento contra o Restaurante KasadiDani no Centrode Lumiar, que sempre acolheu os músicos locais com eventos artísticos e culturais…
Não vejo a mesma energia dessas pessoas para as melhorias da região como Saúde e Saneamento…
Muito triste ter que conviver com pessoas que estão mergulhadas em um sentimento opressor e sem empatia com seus semelhantes
O seu direito acaba quando invade o meu! Esse dito, apesar da contundência, explica de maneira direta como deve ser a convivência em sociedade.
Esse prática é uma verdadeira algazarra. Descompassado, desritmado e perturbador. Totalmente descolado da cultura da região.
Ainda bem que ainda temos em nossa sociedade, pessoas que lutam pelo direito de não serem obrigadas a tolerar aquilo que não convém!
É preciso fazer política e a política é a arte do diálogo, e em havendo diálogo, pode-se chegar a um consenso, que a guerra não permite. Consenso = consentimento
Com sentimento, tudo fica melhor!
Uma pena ver uma sociedade comunidade não tolerar a própria cultura brasileira ou de ancestralidade, perseguindo ofendendo e não respeitando as pessoas, não vejo como ensaios e estudos em sessões de 1:30 podem atrapalhar tanto os moradores, uma triste história sendo escrita por uma comunidade
Todo meu apoio a esta manifestacao cultural que vem para se somar as poucas areas cultursis existentes em Friburgo e adjacencias.
Viva o Maracatu! Viva a cultura brasileira! Torço para que os brincantes e a comunidade encontrem uma boa solução, bom local e bom horário para que os ensaios possam acontecer e a música é a festa sejam sempre bem vindas!!!
Respeito, diálogo e tolerância são o melhor caminho!!!
Luiz de Lima, tem que estudar história!! Saber que a música afro brasileira e a base de tudo!! E saber também respeitar o trabalho dos outros…Pois, além de sermos músicos, também trabalhamos com arte educação, como professor de música, e quando se ensina, sabemos que existe pessoas que ama a música e querem aprender e não importa a idade, pois todo começo em qualquer atividade artística ou em qualquer profissão existe o aprendizado, e não nascemos sabendo, estamos em constante aprendizado!! Pois respeita é o equilíbrio de uma boa convivência!! Imagina seu Luiz Lima, chegar no seu espaço de trabalho e falar de coisas ruins, como você está falando aí de forma hostil, que é uma algazarra, perturbador, descompassado… Respeito e bom, viu!! Respeite a classe musical desse país, principal a música afro brasileira, e o maracatu que é patrimônio imaterial e uma música religiosa de um povo que foi tirado de seu continente, respeito é bom!! E merecemos!! Respeite, nos respeite!!
#MARACATUNAOÉBARULHO
Todo meu apoio ao Maracatu e a toda forma de liberdade de expressão cultural e artística em Lumiar e em todo Brasil. Mesmo tipo de repressão ocorrendo com os artesãos da localidade, sob alegação de atrapalhar o trânsito. Está faltando cultura para o povo poder entender de que necessitamos dela para viver. Sigamos na resistência.