Designer friburguense desenvolve importante projeto social na Rocinha

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Ilana Guilland é a fundadora do Bonde da Gambiarra que já impactou mais de 750 crianças 

A friburguense e cria do Alto de Olaria, Ilana Guilland, de 25 anos, há dois anos faz um importante trabalho social, através do projeto Bonde da Gambiarra, que mobiliza mulheres negras da Rocinha a impulsionar suas vivências e perspectivas de futuro. Ilana é formada em design pela PUC-RIO, além de ser uma referência na dança friburguense, tendo participado de importantes produções culturais em Nova Friburgo. 

“O Bonde da Gambiarra partiu do meu projeto final de graduação na PUC-RIO, onde fui bolsista e adotei como política de enfrentamento abordar as pautas que se conectam com a minha realidade social e a minha vivência no Alto de Olaria. Fui a primeira da família a cursar o ensino superior”, enalteceu a friburguense.

Diante de um contexto dominado por pessoas de camadas sociais privilegiadas, que não se conectavam com sua proposta, a artista precisou encarar essa disputa de narrativas. “Defender o Bonde, porque as pessoas de fora, que realmente entendiam o que eu queria dizer, acreditavam muito no trabalho”, pontuou.

O projeto é fruto de um processo longo e intenso, focado em pesquisas, desde 2018, em parceria com Bianca Silva, professora de artes da Escola Municipal Luiz Paulo Horta,  na Rocinha. O Bonde da Gambiarra nasceu em 13 de julho de 2020. “A partir de 2021 o projeto ganhou outras proporções e, hoje, é um projeto de muitas pessoas”.

Sevirologia

O Bonde da Gambiarra é uma iniciativa social que propõe como metodologia educativa, a Sevirologia. A Sevirologia é uma metodologia de vida que consiste na arte de se virar, e faz parte da cultura periférica. Baseada na utilização de recursos do próprio território para solucionar problemas e atender demandas, ela expressa a potência da criatividade e espontaneidade da favela, e utiliza a gambiarra como processo de improviso.

Ela se apresenta como uma potente abordagem no contexto educacional. É uma forma de aproximar o ambiente escolar dos contextos favelados e periféricos, e facilitar a dinâmica de ensino-aprendizagem no ensino fundamental da rede pública.

Por meio da adaptação da metodologia de projeto de design ao contexto e cotidiano da favela, a Sevirologia do Bonde tem como intuito capacitar as crianças para o processo de construção de tecnologias, ciências e artes, e desenvolver uma postura ativa e transformadora em relação ao mundo.

Acredito na minha missão de dividir com as pessoas aquilo que eu tive o privilégio de adquirir

Baseada no princípio de colaboração, a Sevirologia é uma metodologia interdisciplinar aberta, adaptável às demandas dos diferentes contextos, e que tem como eixo principal as artes, pela capacidade de conectar as outras disciplinas. 

“O foco nas pesquisas nas relações entre educação, artes, tecnologias e ciências tem como motivos, primeiro, o meu incômodo com relação às desconexões entre as tendências de inserção de aparatos de tecnologia, para evolução do contexto educacional, e as realidades das escolas públicas, que sofrem com dificuldades com recursos básicos; além da minha própria experiência, já que tive possibilidades de sonhar com meu futuro, mesmo sendo pobre e favelada, porque tive acesso à educação, tecnologias, ciências e artes. Acredito na minha missão enquanto designer e cria, de dividir com pessoas como eu aquilo que eu tive o privilégio de adquirir”, disse Ilana. 

Atualmente, o Bonde da Gambiarra conta com 14 voluntárias (os), que se dividem entre núcleos de trabalho. “Já impactamos 750 crianças da favela da Rocinha, e nossas atuais ações são: o Bonde na LPH, projeto de pesquisa-ação que a gente realiza na Escola Municipal Luiz Paulo Horta, por meio de Oficinas nas aulas de artes, que têm como objetivo desenvolver a Sevirologia como metodologia educativa interdisciplinar; as Oficinas de Sevirologia, que são rodadas de Oficinas variadas do Bonde, com os objetivos de aproximar a comunidade e experimentar a aplicação da metodologia. Realizamos uma edição em outubro do ano passado, pelo mês das crianças; em maio deste ano, pelo mês das mães; e o Compartilhamento de saberes, que consiste na produção de conteúdo nas redes sociais como forma de compartilhar saberes, correspondendo à abordagem da Cultura Hacker, de disseminação e democratização de conhecimentos e informações”, listou a designer.

Na garra

O projeto mantém-se vivo pelos esforços próprios do Bonde, através de voluntários e pessoas dispostas a colaborar com o projeto. “O Bonde está crescendo e precisamos de mais colaboradores. Para isso, abrimos a campanha “VEM COM O BONDE!”, em que pessoas podem contribuir e fazer parte do nosso movimento. Queremos continuar a plantar as sementes para o futuro das crianças da favela”.

As contribuições podem ser feitas mensalmente por meio da plataforma da Benfeitoria, via cartão de crédito, no valor mínimo de 10 reais; ou via PIX (CNPJ): 42.659.970/0001-43, com qualquer valor. Detalhe: quem colabora, ganha mimos e passa a fazer parte do Bonde de verdade”, ressaltou Ilana.

Você pode saber mais informações através do Instagram  Bonde da Gambiarra 

pelo e-mail: [email protected].

Crédito Eduardo Herculano
Crédito Eduardo Herculano
Crédito Eduardo Herculano
Crédito Eduardo Herculano

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