Imagem do arquivo das barcas do Rio mostra frente do cais transformada em trincheira durante Revolta da Armada

Fotos inéditas revelam capítulos da história do Rio de Janeiro

654 visualizações

Acervo é um grande achado. Veja na reportagem fotos que nunca foram reveladas antes

Com a proximidade do fim da concessão da CCR Barcas, marcada para fevereiro de 2025, a empresa revelou um acervo histórico até então pouco explorado. São cerca de 10 mil registros entre fotos e documentos, dos quais 6 mil já foram catalogados, que narram a trajetória do transporte aquaviário no Rio de Janeiro e sua relação com momentos cruciais da história do Brasil.

Entre os itens encontrados, destacam-se documentos assinados pelo imperador Dom Pedro II e pelo Visconde do Rio Branco, retratando o início das concessões do serviço de barcas. O acervo também expõe registros sombrios da escravidão, como um balanço de 1865 da Companhia Ferry, no qual nomes como Gervásio e Amâncio aparecem listados como “patrimônio” da empresa.

Imagens do acervo das barcas mostram Baía de Guanabara sem ponte entre Rio e Niterói
Imagens do acervo das barcas mostram Baía de Guanabara sem ponte entre Rio e Niterói
Foto descoberta no arquivo das barcas mostra menino negro descalço trabalhando em estaleiro
Foto descoberta no arquivo das barcas mostra menino negro descalço trabalhando em estaleiro

Uma foto do final do século XIX retrata um menino negro, descalço, trabalhando na construção de um estaleiro em Niterói, evidenciando a exploração de mão de obra infantil e a desigualdade da época. Outro registro marcante é uma imagem dos primórdios da República, mostrando o cais da Praça XV transformado em trincheira durante a Revolta da Armada.

De acordo com Luciana Parpinelli, diretora da CCR, a descoberta revelou a importância histórica do acervo. “Temos uma preciosidade em mãos. Preservar e compartilhar esse material é fundamental para entender o impacto dos transportes aquaviários no Rio, no estado e no país”, afirmou.

O historiador Rafael Matoso destacou a relevância histórica das barcas para a mobilidade. “Essas embarcações conectavam pontos como Botafogo, São Cristóvão, Magé e até Nova Iguaçu. A circulação era essencial para o desenvolvimento urbano”, explicou.

Além dos registros do século XIX, o acervo também inclui imagens mais recentes, como fotos coloridas do Profeta Gentileza chegando ao Rio na década de 1990.

A exposição com esses materiais inéditos será aberta ao público no dia 22 de janeiro, na Estação da Praça XV, e ficará disponível até o fim da concessão, em 10 de fevereiro. Após o término, o acervo será entregue ao Museu Nacional.

A história das barcas é repleta de capítulos marcantes, como a modernização das embarcações na transição do vapor para o combustível e os protestos de 1959, quando o serviço foi paralisado por seis meses devido a greves. Naquela época, a Marinha precisou assumir a operação temporariamente.

Com a concessão prestes a terminar, o futuro do serviço de barcas permanece incerto, mas o acervo revelado pela CCR se firma como uma ponte entre o passado e o presente, garantindo que histórias como essas sejam preservadas para as próximas gerações.

Fonte: Jornal O GLOBO

GRUPOS DE WHATSAPP DO ECOSERRANO:

Deixe um comentário

* Ao utilizar este formulário, você concorda com o armazenamento e manuseio de seu nome, e-mail e IP por este website.

Matérias Relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Aceitar Privacidade

Políticas de Privacidade e Cookies