Acervo é um grande achado. Veja na reportagem fotos que nunca foram reveladas antes
Com a proximidade do fim da concessão da CCR Barcas, marcada para fevereiro de 2025, a empresa revelou um acervo histórico até então pouco explorado. São cerca de 10 mil registros entre fotos e documentos, dos quais 6 mil já foram catalogados, que narram a trajetória do transporte aquaviário no Rio de Janeiro e sua relação com momentos cruciais da história do Brasil.
Entre os itens encontrados, destacam-se documentos assinados pelo imperador Dom Pedro II e pelo Visconde do Rio Branco, retratando o início das concessões do serviço de barcas. O acervo também expõe registros sombrios da escravidão, como um balanço de 1865 da Companhia Ferry, no qual nomes como Gervásio e Amâncio aparecem listados como “patrimônio” da empresa.


Uma foto do final do século XIX retrata um menino negro, descalço, trabalhando na construção de um estaleiro em Niterói, evidenciando a exploração de mão de obra infantil e a desigualdade da época. Outro registro marcante é uma imagem dos primórdios da República, mostrando o cais da Praça XV transformado em trincheira durante a Revolta da Armada.
De acordo com Luciana Parpinelli, diretora da CCR, a descoberta revelou a importância histórica do acervo. “Temos uma preciosidade em mãos. Preservar e compartilhar esse material é fundamental para entender o impacto dos transportes aquaviários no Rio, no estado e no país”, afirmou.
O historiador Rafael Matoso destacou a relevância histórica das barcas para a mobilidade. “Essas embarcações conectavam pontos como Botafogo, São Cristóvão, Magé e até Nova Iguaçu. A circulação era essencial para o desenvolvimento urbano”, explicou.
Além dos registros do século XIX, o acervo também inclui imagens mais recentes, como fotos coloridas do Profeta Gentileza chegando ao Rio na década de 1990.
A exposição com esses materiais inéditos será aberta ao público no dia 22 de janeiro, na Estação da Praça XV, e ficará disponível até o fim da concessão, em 10 de fevereiro. Após o término, o acervo será entregue ao Museu Nacional.
A história das barcas é repleta de capítulos marcantes, como a modernização das embarcações na transição do vapor para o combustível e os protestos de 1959, quando o serviço foi paralisado por seis meses devido a greves. Naquela época, a Marinha precisou assumir a operação temporariamente.
Com a concessão prestes a terminar, o futuro do serviço de barcas permanece incerto, mas o acervo revelado pela CCR se firma como uma ponte entre o passado e o presente, garantindo que histórias como essas sejam preservadas para as próximas gerações.
Fonte: Jornal O GLOBO
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