Salário mínimo ideal deveria ser R$ 6.574,33

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Poder de compra do brasileiro registra queda devido a inflação

O salário mínimo ideal no Brasil deveria ser de R$ 6.754,33. É o que informa o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor é 5,57 vezes maior que o atual, de R$ 1.212.

Segundo informou o Dieese, através do relatório da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, esse seria o pagamento mínimo para sustentar uma família de quatro pessoas no Brasil, considerando gastos com moradia, transporte, alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência.

Os cálculos do Dieese se baseiam no preço da cesta básica mais cara do país, que em abril foi em São Paulo. Na capital paulista, a cesta custa R$ 803,99. O poder de compra dos brasileiros também vem se reduzindo. A inflação faz com que os salários dos trabalhadores percam valor a cada mês.

Inflação sobe e rendimento do trabalhador cai

O rendimento médio do trabalhador brasileiro era de R$ 2.377, no final de 2021, mas cerca da metade dos ocupados (54%) ganhava R$ 1.500 ou menos. Durante a pandemia, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 8%. Entre o 4º trimestre de 2019 e o 4º trimestre de 2021, a perda real foi de R$ 208. Nesse período, apenas Piauí, Sergipe e Amapá registraram aumento do rendimento médio real do trabalho

De acordo com o Dieese, desde meados de 2020, a inflação sobe mês a mês, quase ininterruptamente. Em março de 2022, o INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) chegou a quase 12% ao ano.

A queda no poder de compra dos trabalhadores é agravada porque os preços dos produtos da cesta básica subiram ainda mais do que a inflação geral. Desde o começo da pandemia, o custo do conjunto de alimentos básicos teve acréscimo de R$ 243 em São Paulo, aumento de 47% entre março de 2020 e março de 2022.

Em Nova Friburgo, e em todo país, produtos básicos como óleo, café e tomate mais do que dobraram de preço entre 2020 e 2022. O preço médio de um botijão de gás, que era de R$ 70 no início de 2020, subiu para R$ 128, alta de quase 60% em dois anos. Essa elevação tem obrigado muitos brasileiros a procurarem combustíveis alternativos e, muitas vezes, perigosos, como lenha e álcool. O alto preço da carne também levou a uma mudança nos pratos dos brasileiros. Em 2021, o consumo de carne no Brasil foi o menor dos últimos 25 anos.

Reajustes salariais

Esse cenário de aceleração da inflação tem impactos imediatos na perda de poder de compra dos trabalhadores e também dificulta a negociação de reajustes salariais, que deveriam ser cada vez maiores para compensar a inflação.

Em abril de 2022, os salários deveriam ter sido reajustados em 11,7% para compensar as perdas inflacionárias dos 12 meses anteriores. Em abril de 2020, no início da pandemia, a correção necessária era de 3,3%. Como resultado, a quantidade de reajustes abaixo da inflação cresceu de 23,7%, em 2019, para 47,3%, em 2021. No último ano, apenas 15,6% alcançaram ganhos reais.

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