Lutadora de 23 anos tem 10 vitórias e é conhecida por seus golpes “superpotentes”. Atleta quer que mais mulheres possam aderir ao esporte
Jessica Bate-Estaca, Amanda Nunes e Cris Cyborg. Brasileiras, lutadoras de MMA e, sem dúvida, umas das mais consagradas na história do esporte. A presença delas no topo como as melhores lutadoras de suas categorias reforça como o mundo da luta é um celeiro de craques no Brasil.
Mais que isso, talvez, seja a esperança para aquelas que almejam chegar à luta como profissão e, principalmente, vencer os desafios naturais para se ter sucesso em qualquer esporte. Há também os desafios sociais aos quais as mulheres ainda precisam imprimir um esforço maior do que em relação aos homens, diante de um ambiente predominantemente masculino. Embora em queda, essa diferença ainda é grande e obriga as mulheres a, literalmente, lutar por esse equilíbrio.
Em Nova Friburgo, um verdadeiro berço de grandes lutadores, surge a esperança de grandes nomes no Muay Thai e Kickboxing. Por aqui, temos Carol Carvalho, atleta de 23 anos, mas com uma grande experiência nos ringues. Carol luta na categoria de até 52 kg e, num total de 14 lutas, tem 10 vitórias e 4 derrotas.
Natural de Macuco, a lutadora tem no friburguense Edson Barboza uma verdadeira fonte de inspiração. Todas as vezes que o atleta do UFC sobe ao octógono, faz aumentar ainda mais o interesse de Carol pelo esporte. A admiração pelo atleta se consolidou após o nocaute histórico com o chute rodado em Terry Etim, em dezembro de 2012.
Talvez daí tenha vindo o que a atleta considera seus grandes pontos fortes: “chutes e joelhadas”. A atleta tem uma pegada firme e gosta muito da trocação. Em seus treinos, quem sofre mesmo são os técnicos com a potência de seus golpes. Apesar disso, é de uma das suas quatro derrotas que vem sua lembrança mais marcante. “Essa foi a minha última luta, quando participei do Strike K1”, lembrou Carol.
O Strike K1 Kickboxing – For Girls, realizado em maio deste ano, em São João de Meriti-RJ, de fato deu a Carol motivos para se orgulhar. O evento contou com um card exclusivamente feminino e sua luta contra Karen Tavares (que acabou levando a melhor), foi considerada a melhor do evento. “Foi uma luta que eu fiz depois de uma lesão. Na verdade, eu lutei com dor e mesmo assim foi um lutão. Ganhamos a melhor luta da noite”, orgulhou-se.
Aluna e Professora ao mesmo tempo
A atleta divide sua rotina entre treinar, aplicar treinos e estudar educação física. Segundo ela, “tudo em casa”. “É uma correria muito grande, mas é o que eu gosto. Eu aprendo muito com os meus alunos também. Antes era 100% (aulas e treinos), agora eu comecei a fazer faculdade de Educação Física, que é uma coisa que eu também sou apaixonada, e está tudo no mesmo meio”, brincou.
Os especialistas dizem que em uma luta, o atleta que levar o primeiro golpe tende a perder concentração. Para isso, de acordo com Carol, o segredo é manter a disciplina. “A gente aprende isso desde o início, então a ideia é manter o foco no adversário e fazer uma luta limpa”.
Dificuldades
Apesar do interesse feminino pela prática da luta crescer, ainda não é considerado suficiente para que os embates entre as competidoras ocorram com facilidade. Há aquelas que prefirem a prática do esporte como forma de manter frequentemente uma atividade física. “Confesso que é um pouco difícil (casar lutas). Aqui em Friburgo tem poucas atletas, então é mais “fácil” conseguir atleta de fora”, lamentou.
Mesmo diante deste crescimento, atitudes lamentáveis como o preconceito contra a mulher no ambiente de luta ainda acontece. “Até mesmo para conseguir uma ajuda/patrocínio para ir lutar, acontece muito. Inclusive, na maioria das minhas lutas, a prefeitura de Macuco me ajuda a ir”, ressaltou.
Quanto ao “abismo” entre homens e mulheres, Carol acredita que as diferenças reduziram. “Não muito. Acredito que está bem melhor do que antes. É bom ter inspirações assim, dessa forma, a motivação fica maior”, diz a atleta se referindo às grandes estrelas brasileiras.
Carol é um ícone da luta em Nova Friburgo. Seus vídeos e fotos têm sido compartilhados e motivado mais mulheres a aderirem ao esporte. “É muito gratificante receber mensagens de mulheres que começaram a treinar porque viram alguma coisa minha, isso é incrível.”, comemorou.