Morre o ex-boxeador Maguila aos 66 anos

Falecimento foi confirmado na tarde desta quinta-feira. Veja os detalhes e a história

O Brasil perdeu um dos maiores nomes do boxe nesta quinta-feira, 24 de outubro de 2024. José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, faleceu aos 66 anos em São Paulo, vítima de complicações decorrentes da encefalopatia traumática crônica, também chamada de demência pugilística, diagnosticada em 2013. O ex-pugilista sergipano, famoso pelo carisma e as entrevistas descontraídas, deixa um legado inegável para o esporte.

Nascido em Aracaju, Maguila iniciou sua carreira no boxe em 1979, estreando nos ringues dois anos depois. Em sua trajetória de 17 anos, acumulou 85 lutas, das quais venceu 77 (61 por nocaute), perdeu sete e teve um empate técnico. Mesmo sem conquistar títulos das principais organizações do boxe mundial, Maguila foi o primeiro brasileiro a conquistar o cinturão mundial dos pesos-pesados pela Federação Mundial de Boxe (WBF), em 1995.

Entre os confrontos mais marcantes de sua carreira, destacam-se as lutas contra os gigantes do boxe Evander Holyfield, em 1989, e George Foreman, em 1990. Apesar das derrotas para ambos, Maguila fez história ao colocar o Brasil no mapa do boxe mundial, enfrentando os maiores nomes da modalidade.

Carreira e Conquistas

Maguila iniciou sua trajetória no boxe inspirado por nomes como Éder Jofre e Muhammad Ali, que ele assistia em uma TV preto e branco na casa de vizinhos em Aracaju. Aos poucos, ele se tornou uma referência no boxe nacional, conquistando o título de campeão brasileiro em 1983 e mantendo-o até 1995. Em 1984, foi campeão sul-americano ao nocautear o argentino Juan Antonio Figueroa no primeiro round. Em 1986, ele conquistou o cinturão das Américas pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), além de títulos da América Latina pela Associação Mundial de Boxe (WBA) e pela Federação Internacional de Boxe (IBF) em 1996.

Mesmo após suas grandes vitórias, uma das lutas mais memoráveis para os brasileiros foi contra Evander Holyfield, em 1989. O duelo, que parou o país, marcou o auge de Maguila, que vinha de 18 vitórias consecutivas. Embora tenha iniciado bem, foi derrotado no segundo round com um nocaute de Holyfield.

Demência pugilística e últimos anos

Em 2013, Maguila foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica, uma doença neurodegenerativa comum em esportes de impacto, como boxe e futebol. Inicialmente confundida com Alzheimer, a condição causou mudanças comportamentais e problemas de memória, que afetaram gravemente sua saúde. Sua esposa, Irani Pinheiro, cuidou dele ao longo desses anos, sempre buscando proporcionar uma vida digna e cercada de carinho.

Nos últimos anos, Maguila passou a viver no Centro Terapêutico Anjos de Deus, em Itu, interior de São Paulo, onde recebia cuidados e relembrava sua carreira com vídeos e memórias de suas lutas. Em 2018, ele concordou em doar seu cérebro para estudos, assim como o ex-zagueiro Bellini, com o objetivo de ajudar a ciência a entender melhor os impactos de golpes repetidos na cabeça.

O legado de Maguila no boxe brasileiro é inquestionável, e seu nome ficará para sempre na história do esporte. Sua luta, tanto dentro quanto fora dos ringues, inspirou gerações e trouxe visibilidade ao boxe no Brasil.

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