Quem cala consente?

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O que pode estar por trás da ausência de respostas do poder público ao EcoSerrano? De quase 80 solicitações enviadas, apenas três foram respondidas. Nem pedidos de informações sobre doenças e alertas à população foram atendidas

Existem muitas formas de exercer a democracia. No jornalismo, a liberdade de imprensa e de expressão não pode ser confundida com opinião e nem romper os limites da ética, isenção e equilíbrio. Ouvir todos os lados é uma das premissas básicas de qualquer profissional da Comunicação. O direito à defesa, à resposta, ao esclarecimento está na Constituição.

É dever do jornalista apurar, checar e noticiar uma informação. É dever do jornalista oferecer às partes envolvidas na reportagem um espaço para o seu posicionamento. Quando uma das partes ignora este espaço e resolve não se pronunciar, a reportagem fica desequilibrada e os leitores são os grandes prejudicados. No entanto, houve ali o cumprimento do papel de determinado veículo em oferecer aos leitores o amplo conhecimento daquela notícia.

É notório que, quando uma das partes se sente “desfavorecida” por conta do conteúdo de uma reportagem que aponta supostas inconsistências, há uma tentativa de desmerecer este veículo ou simplesmente opta-se pela ausência de resposta. Quando isso acontece, ao que parece, ou é porque não se encontra elementos palpáveis para a defesa e por isso o silêncio ou porque, como popularmente conhecido em séries e filmes, “tudo que disser poderá ser usado contra você”.

Quando a ausência de respostas sugere, ao que tudo indica, uma “retaliação” ao veículo denunciante, são os leitores os grandes prejudicados.

Desde seu lançamento, em abril deste ano, o EcoSerrano traz uma proposta de sempre lançar uma lupa em determinados assuntos e suscitar ao leitor uma experiência diferente para determinadas notícias. Em quase seis meses, o EcoSerrano trouxe à tona dezenas de notícias exclusivas, entre elas muitas denúncias, corroboradas por fontes, documentos e pesquisas a instituições oficiais, que, caso seja cobrado em um futuro próximo, tem amplas formas de defesa.

Em todas as oportunidades nas quais publicou reportagens com tom denunciativo, o portal procurou todas as partes envolvidas na busca pelo equilíbrio da matéria. Muitas destas reportagens envolveram a esfera pública. Em uma rápida pesquisa, em pouco mais de cinco meses, o EcoSerrano enviou cerca 80 solicitações, deixando o espaço aberto no portal para o esclarecimento do poder público. Destas solicitações, apenas três foram respondidas.

É mais estranho ainda que, alguns veículos de comunicação de Nova Friburgo, ao tomar conhecimento de uma determinada notícia pelo EcoSerrano, ao replicar o conteúdo, conseguiram as tão sonhadas respostas pleiteadas pelo portal. Por que responder aos outros e não ao EcoSerrano?

Mais curioso ainda é saber por meio de fontes confiáveis que algumas reportagens abalaram tanto alguns setores friburguenses que cronogramas foram alterados a partir de denúncias deste portal, postagens em redes sociais foram apagadas ou alteradas, pedidos de desculpas foram realizados, parcerias foram construídas e alguns modus operandi foram revistos. 

Causa espanto também que, nem as solicitações de cunho informativo com orientações acerca de doenças, eventos, horários de funcionamento, informações de grande interesse público, foram respondidas.

O portal lamenta este tipo de conduta e afirma que continuará a oferecer amplo espaço para todos na busca pelo equilíbrio.

Por fim, o EcoSerrano esclarece que o papel da imprensa é investigar e publicar conteúdos que sejam de relevância para uma população. A esfera pública que não entende esta função e prefere se iludir com o sucesso dentro de suas próprias bolhas nas redes sociais pode tomar um susto em pleitos futuros. Notícia que só elogia e não questiona não é notícia, é propaganda.

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