Especulação imobiliária mata. Bairros periféricos foram mais atingidos. Mulheres, negros e pobres estão entre o maior número de vítimas
Racismo ambiental é um termo utilizado para descrever a injustiça ambiental em contexto racializado. Segundo especialistas Refere-se a como comunidades de minorias étnicas são sistematicamente submetidas a situações de degradação ambiental. Em sentido mais amplo, descreve as relações ecológicas desiguais entre o Norte e o Sul Global, associando-se ao colonialismo, ao neoliberalismo e à globalização.
Em outubro do ano passado, diante de autoridades internacionais, o governo Bolsonaro rejeitou, em reunião realizada pelo CDH (Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas) a utilização do termo “racismo ambiental”. O conceito aparece em relatório sobre relações entre raça e crise climática que foi apresentado no conselho da ONU.
Apesar da gestão presidencial passada, a intersecção entre injustiça racial e ambiental marca a vida dos brasileiros negros, indígenas e, especialmente, pobres.
Um caso emblemático ocorreu há exatos 12 anos, em janeiro de 2011, quando as chuvas fortes causaram deslizamentos por toda região serrana, em especial em Nova Friburgo, causando centenas de mortes. Os bairros mais atingidos foram os da periferia, dizimando vidas e residências das mais humildes. Os bairros ditos mais nobres saíram da Tragédia com pouco ou nenhum dano em relação à catástrofe que abalou a cidade.
Os riscos e a Tragédia daquele ano não foram democráticos. Segundo especialistas é comum dissociar a questão social da ambiental De acordo com dados obtidos de diversos estudos nacionais e internacionais, há uma conexão dos impactos ambientais com as demandas sociais. Não há como proteger uma floresta sem pensar nas populações que estão inseridas nela.
Segundo o Manual Routledge de Justiça Climática, as mulheres são em média mais pobres e menos instruídas que os homens. O Manual afirma que quem precisa de justiça climática no são majoritariamente mulheres, indígenas, negras, quilombolas, periféricas, pesqueiras e rurais. De acordo com o documento, a pobreza, quando cruzada com a perspectiva de gênero, aumenta sobremaneira a desigualdade em relação às mulheres, criando um verdadeiro obstáculo ao usufruto dos seus direitos. Ainda de acordo com o manual, as mulheres representam 70% do total de pessoas que vivem em extrema pobreza no mundo e, portanto, são as mais afetadas pelos eventos prejudiciais das mudanças climáticas.
Por isso, não foi surpresa ver que grande parte da população que perdeu a vida naqueles fatídicos episódios, pertencia a classe economicamente menos favorecida, eram mulheres, negros e moravam em áreas de risco.
Especulação imobiliária mata
Investir em imóveis é sempre um bom negócio. No entanto, quando este investimento é concentrado apenas por determinadas empresas ou até mesmo famílias, como é o caso de Nova Friburgo, estas pessoas acabam “ditando a regra” do mercado imobiliário na cidade.
Segundo uma especialista e estudiosa sobre Direito Ambiental em Nova Friburgo, um certo clã friburguense detém e chegou a orgulhar-se de possuir mais de mil imóveis no município. De acordo com esta especialista a acumulação de imóveis, dentre os quais, muitos estão vazios e, portanto, sem utilidade, contribui para que, de forma arbitrária, os detentores destas unidades possam atribuir o preço que quiserem para venda ou locação. Diante da impossibilidade de cobrir o preço ofertado, o imóvel fica parado e famílias que poderiam morar em regiões mais seguras, optam por constituir moradia em locais de área de risco de desastres ambientais, mas com possibilidade de arcar com estes custos por serem mais “baixos”.
Segundo um estudo divulgado pelo IBGE em novembro de 2019, foi feito um mapa de suscetibilidade para deslizamentos em todo o território brasileiro. O estado do Rio de Janeiro lidera o ranking nacional com 53,9% de sua área com perigo de quedas de barreiras ou encostas. Na Região Serrana, Nova Friburgo tem cerca de 70% do território em área de risco.
Redes Sociais do EcoSerrano:
Grupo de Whatsapp 2
Grupo de Whatsapp 1 (lotado)
Instagram: @ecoserrano
Facebook: @ecoserranoo
Twitter: @serrano_eco
Youtube: EcoSerrano
2 comentários
Deus levou naquele dia todos que estavam marcados pra ir
E não tem como evitar as mãos de Deus
Foi minha irmã meu cunhado e meu sobrinho com apenas 17 anos
E triste
Sabe onde moravam
No bairro stucky
Não tinha risco nenhum
Mas Deus os levou
Sabemos que os pobres são sempre os mais afetados pelos riscos. A sociedade, e principalmente, os governos, tem que olhar p os menos favorecidos, c políticas justas.