Johnny Maycon pode acompanhar Governador e mudar para partido aliado a Lula

Nos bastidores da política fluminense, Cláudio Castro pode estar de saída do PL e ir para PSD ou União Brasil. Em Nova Friburgo, prefeito pode migrar para partido “filho da ditadura” e que costuma integrar as bases dos governos de situação

Os bastidores da política nacional e carioca estão a todo vapor. Com a janela partidária prevista para acontecer em breve, as especulações de troca de partidos por parte de deputados, governadores e prefeitos estão quentes.

Os rumores das possíveis mudanças de legenda podem ter impacto diretamente em Nova Friburgo, inclusive, porque o próprio Prefeito Johnny Maycon, pode ser um dos políticos a trocarem de partido, embora as informações sejam apenas rumores.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), estaria em atrito com seu atual partido, depois das confusões envolvendo as eleições para presidente da Alerj e avalia migrar para o PP ou para siglas na base do governo Lula, como União Brasil e PSD.

Racha com o PL

Segundo uma reportagem do Jornal O GLOBO, “na semana passada, Castro instou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a lhe entregar o comando do partido no Rio após um embate com o atual chefe do diretório estadual, o deputado federal Altineu Côrtes, envolvendo a eleição à presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Altineu, aliado de longa data de Valdemar, irritou Castro por articular uma candidatura adversária à de Rodrigo Bacellar (PL), homem de confiança do governador, e que acabou vencendo a disputa. O presidente do PL recusou, em um primeiro momento, mexer na estrutura partidária”. 

O curioso é que Castro teria migrado para o PL justamente por conta de Côrtes, fez campanha ao lado de Jair Bolsonaro e se aliou ao bolsonarismo por todo o seu mandato. No entanto, os recentes episódios de ataque à democracia, além das denúncias contra o ex-presidente, deram uma chacoalhada nesse apoio e teria feito o governador repensar a aliança.

A situação ainda está sendo avaliada por Castro. Atento às movimentações, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, teria iniciado algumas conversas para atrair o governador para o seu partido, o PSD.

Mudança de direção

Ao que parece, o objetivo é um só: se desvincular do bolsonarismo. Nos bastidores, a mensagem que circula é de que para o partido ao qual for o governador, o importante é ser um dos partidos que de alguma forma dão sustentação política – no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal – ao presidente Lula. O PL, assim como Castro condenou os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro – algo que o prefeito de Nova Friburgo não fez até o momento.

De acordo com o sociólogo, cientista político e professor da UFRJ, em sua coluna no site Agenda do Poder, “essa  movimentação em direção à base de apoio do governo federal possibilita um outro movimento no xadrez político do Estado do RJ, com foco  nas eleições municipais de 2024 e nas eleições gerais de 2026: possibilita a entrada do PT, do PDT e do PSB no governo de Cláudio Castro, fazendo um “Gambito de Rainha” no tabuleiro político de cariocas e fluminenses nos 92 municípios do RJ”.

E o que isso tem a ver com Nova Friburgo?

Tudo! O Prefeito Johnny Maycon, hoje no Republicanos, é muito colado ao atual governador. Em seu terceiro ano de mandato, Johnny conseguiu articular, junto ao Estado, diversas obras de grande porte para o município. O prefeito friburguense também fez vasta campanha para a eleição do governador, a quem se diz muito próximo. Além disso, o presidente estadual do Republicanos, Luiz Carlos Gomes estaria insatisfeito com o pouco apoio que recebeu de Johnny durante as eleições e dos poucos votos que a cidade lhe deu.

O vice-prefeito de Nova Friburgo se licenciou do cargo para assumir como Superintendente de Obras, na extinta SEINFRA, e por lá permaneceu de junho de 2022 a janeiro deste ano. Além de acompanhar as obras do governo, o vice também atuou intensamente na campanha eleitoral de Castro. Exonerado recentemente pelo governador, o vice-prefeito, que ainda não retornou ao cargo em Nova Friburgo, seria, ao que parece, persona non grata no Executivo estadual e as relações do município com o governador estariam arranhadas (a informação é apenas especulação dos bastidores da política).

Estaria arranhada, mas não manchada. Por conta disso, os boatos dão conta de que Johnny Maycon pode sair do Republicanos e migrar para o PP (partido do ex-prefeito Renato Bravo) ou até mesmo para outra legenda, a mesma de Castro.

O curioso é que o prefeito Johnny Maycon fez ampla campanha para Jair Bolsonaro e no início do segundo turno chamou a possível vitória de Lula de retrocesso. Como dito acima, o PP é um dos partidos da base do Governo Lula e só teria se aliado após ficar órfão do bolsonarismo.

Possibilidades

Apesar do PP ser um dos possíveis destinos, é importante lembrar que o partido abriga o ex-prefeito de Nova Friburgo, Renato Bravo há mais de 25 anos, alvo de muitos ataques e denúncias por parte de Johnny Maycon. Outra possibilidade seria o União Brasil, mas que também abriga outro ex-prefeito friburguense, Rogério Cabral. O PSD não pode ser descartado, mas é encarado como uma possibilidade remota, pela grande proximidade com o governo Lula.

A encruzilhada de Johnny o coloca em uma sinuca de bico. Ao que parece, as rusgas são fortes dentro do Republicanos e uma possível filiação ao PL também dependeria de uma série de articulações e conversas. Na região, o atual partido do presidente está com Bruno Boaretto que teria ressalvas com o Prefeito friburguense.

As informações obtidas pelo EcoSerrano dão conta de que o governador não estaria satisfeito com Johnny Maycon. Ao que parece, o Prefeito estaria levando quase que todos os créditos pelas grandes obras realizadas pelo Estado na cidade sem atrelar a figura do Estado, fato que estaria incomodando o Castro, além do prefeito ter feito ampla campanha para muitos candidatos a deputados estaduais e federais, mas que obtiveram resultados pífios em Nova Friburgo. Ao que parece, de acordo com algumas fontes ouvidas pelo portal, seria essa, inclusive, uma das razões pelo fato do vice-prefeito, Serginho, ter sido exonerado.

Uma lupa sobre o PP

O Partido Progressistas (PP), historicamente se denomina um partido de centro-direita. No entanto, a legenda é um “filho da ditadura militar”. Isso porque o partido surgiu a partir de fusões entre grupos que tiveram ligação com a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o partido governista da ditadura militar (1964-1985).

O PP é conhecido por se aliar aos governos de situação. O partido integrou a base governistas de todos os presidentes eleitos desde FHC. Ou seja, ao longo dos últimos anos, o PP esteve ao lado de Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro e agora, Lula outra vez.

A sigla foi a mais citada nas delações da Operação Lava Jato. À época, quem integrava a legenda era nada mais, nada menos, que Jair Bolsonaro.

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