Denúncia foi feita em audiência pública na última semana. Descarte inadequado pode causar danos ao meio ambiente e gerar problemas renais, motores e neurológicos
Durante a audiência pública ocorrida na última sexta-feira, 1º, na Câmara Municipal de Nova Friburgo, um dos servidores em seu momento de fala, denunciou um suposto crime ambiental cometido pela Secretaria de Saúde, no Hospital Municipal Raul Sertã.
Segundo o auxiliar de enfermagem do hospital e membro do Conselho Municipal de Saúde, Jorge Jandre, a Secretaria estaria despejando frequentemente um produto químico altamente cancerígeno nas redes hídricas do município. No momento em que denunciou a prática, Jorge se dirigia à Secretaria de Saúde, que estava presente na audiência.
“Secretária, o setor de Raio-X é inviável. Não tem como trabalhar, é uma situação que precisa ser resolvida emergencialmente. Temos apenas um equipamento e precisamos de mais dois. Não se usa mais o químico revelador. Encontrar no mercado é difícil porque ninguém usa mais isso. São produtos altamente cancerígenos e que além de serem jogados na rede de águas da cidade vai para o rio sem tratamento. Ainda tem os profissionais que estão sofrendo com essa exposição”, denunciou.
Materiais não podem ser descartados no meio ambiente
De acordo com um estudo feito por especialistas, os efluentes gerados a partir de processamentos radiográficos consistem do líquido revelador, fixador e água de lavagem dos filmes radiográficos. Esses efluentes são constituídos de químicos altamente tóxicos, não podendo ser descartados no meio ambiente, pois se encontram fora dos padrões estabelecidos pelos órgãos públicos ambientais reguladores. Os efluentes, de modo geral, são compostos por hidroquinona, metol, tiossulfato de sódio, prata, entre outros compostos que quando em contato com água e o solo causam danos ambientais em proporções catastróficas como a morte de peixes e a infertilidade do solo.
Outro aspecto é em relação às efetivas substâncias dos líquidos produzidos no método radiográfico que podem originar decorrências tóxicas; quando em contato com hidroquinona, o corpo humano pode desencadear processos cancerígeno e mutagênico.
Essa acentuada utilização implica na descarga desse metal para o ambiente, o que representa risco para organismos aquáticos e terrestres. Essa preocupação se justifica pelo seu reconhecido potencial tóxico quando despejada sem critérios no ambiente. Metais pesados, como é o caso da prata, possuem efeito acumulativo no organismo e causam problemas renais, motores e neurológicos.
Pena de até cinco anos de reclusão
Segundo o Art. 54, da Lei 9.605/98, “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: […]
2º Se o crime:
V – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos”.
Os responsáveis se condenados podem pegar uma pena de 1 a 5 anos de reclusão.
O EcoSerrano entrou em contato com a Prefeitura, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta.