Mitomania: a doença da mentira

Publicado: Última atualização em 37 visualizações

“Em geral, mitomaníacos não tem culpa de serem pegos”, afirma psicóloga

Atire a primeira pedra quem nunca contou uma mentira. Mentir, de vez em quando, faz parte do comportamento natural do ser humano. No entanto, quando este comportamento torna-se frequente, o problema se agrava e faz com que a pessoa minta de forma habitual. A este “estilo de vida” dá-se o nome de mitomania.

Dando continuidade a série sobre Saúde Mental, que já abordou temas como Transtorno de Personalidade Narcisista, Síndrome do Pânico e Sociopatia, o EcoSerrano conversou com a psicóloga Quézia Dias.

Confira:

EcoSerrano: O que é Mitomania?

Quézia Dias: A mitomania é vulgarmente conhecida como o mentir patológico. A pessoa com esta patologia tem o desejo compulsivo de incluir fatos mentirosos em todos os assuntos, sejam eles triviais ou não. Devido a constância em que ocorrem as mentiras na mitomania, podemos dizer que elas são um hábito. A pessoa tem ciência de que está utilizando de um argumento fictício (é consciente), ela sabe que está mentindo, caso contrário, seria uma fala delirante. A mitomania é considerada um transtorno de hábitos e impulsos e geralmente encontramos ela como um traço de demais transtornos de personalidade.

EcoSerrano: Quais são as características de uma pessoa mitomaníaca?

Quézia Dias: Em geral são manipuladores natos, com pouco desconforto ou culpa em serem pegos em suas mentiras, possuem uma narrativa agigantada de detalhes e afetividades exacerbadas, têm o hábito de ser o centro das atenções seja como salvador ou vítima em suas estórias que geralmente são usadas para obter recompensas ou vantagens.

EcoSerrano: Como é feito o diagnóstico? E quem pode realizar este diagnóstico?
Quézia Dias: O diagnóstico é clínico, sendo realizado por profissionais atuantes na saúde mental. Como esse transtorno pode estar acompanhado de outros é importante a avaliação psiquiátrica.

EcoSerrano: Como fazer com que uma pessoa com essas características se conscientize e busque ajuda?

Quézia Dias: O mentiroso crônico tende a não encarar suas atitudes como um problema para si e para os demais e com isso dificilmente busca ajuda médica. Geralmente pela gravidade do transtorno, observamos um prejuízo nas relações interpessoais e uma tendência ao isolamento que podem levar a quadros de transtorno depressivo, transtorno de ansiedade, devido ao desconforto causado e por meio dessas doenças secundárias que o mitomaníaco vai em busca de acompanhamento psicológico.

EcoSerrano: Como pessoas próximas podem identificar um mitomaníaco sociopata e o que fazer nesses casos para ajudar?

Quézia Dias: Ficar atento como a pessoa vem expressando suas emoções e como é afetado por elas e as relata. Observar as características de isolamento social, conflitos constantes nas relações interpessoais. É necessário sinalizar o que se nota ao mentiroso patológico, mostrando o como essa atitude limita suas relações e qualidade de vida, incentivando-o à busca por tratamento.

EcoSerrano: Como é realizado o tratamento?

Quézia Dias: O acompanhamento é realizado por um profissional psicólogo que buscará identificar com o paciente os gatilhos para tal comportamento, que em geral estão associados a busca por autoafirmação, fragilidade na autoestima, busca por atenção e destaque, dentre outros aspectos, é importante nesse processo de acompanhamento e avaliação deste indivíduo identificar a presença de demais transtornos associadas a mitomania e a necessidade de auxílio medicamentoso no tratamento.

Quézia Dias, psicóloga

Deixe um comentário

* Ao utilizar este formulário, você concorda com o armazenamento e manuseio de seu nome, e-mail e IP por este website.

Matérias Relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Aceitar Privacidade

Políticas de Privacidade e Cookies